segunda-feira, 10 de junho de 2013

nexos, amplexos, sexos e reflexos

Nonada
fazer sentido o que quer dizer? Qual o limite disso?
qaundoqumasentça com messa a f setid?
inguinorâncias

talvez o lugar que queremos chegar não seja fazer sentido, mas se fazer entender; esse lugar de criar uma linguagem no momento mesmo da mensagem, num canal ainda não testado entre aliens. Como se comunica com aliens?
http://pt.wikipedia.org/wiki/Mensagem_de_Arecibo
Mas os espectadores a princípio não são aliens: compartilhamos algumas coisas, embora seja sempre duvidoso O QUE precisamente compartilhamos. Quando eu enuncio qualquer frase, pensando, com ela, evocar algum significado específico através de seus elementos (letras, sons etc) para que meu receptor decodifique aquele código e acesse esse sentido é pouco provável que ele compreenda exatamente o mesmo significado que eu tentei conceber. Em verdade, muitas vezes, a própria compreensão acerca do código é diversa, o que, claramente, gerará compreensões diferentes sobre uma mesma sentença. Em maior e menor grau. Reformulando muito simplesmente, a comunicação é algo muito truncado e pouco confiável. Acho isso bobo - bem fácil de entender. Entretanto, também me parece plausível que a linguagem tenha algum sucesso, uma vez que, empiricamente, alguma coisa, mesmo que pouca, é compartilhada: conseguimos conversar, propor e discordar, fazer ciência e escrever textos como esse com um certo nível de sofisticação e, provavelmente, somos compreendidos pelos nossos companheiros. Acho que quem está me lendo é capaz de acompanhar minhas palavras.
Isso é um ponto.

Outro é aquela velha história de que, se for somente pra eu comunicar alguma coisa, transmitir alguma mensagem certa, ter algum sentido fechado, o melhor é escrever um texto dissertativo, um bilhete que fosse e dar ao público. Se não queremos fazer isso é porque isso não é suficiente para expor todo o significado que queremos mostrar com essa obra: há algo a ser dito que extrapola as possibilidades dos códigos já estabelecidos. Talvez a diferença entre o narrar e o informar do Benjamin.
Daí a ideia de estabelecer códigos novos no mesmo instante em que transmito a mensagem: como bebês em convívio com adultos falantes que lentamente começam a se inteirar das sutilezas daquela linguagem.

Bom, isso também me parece bem óbvio, tipo, fácil. Daí vem o seguinte: temos alguma mensagem? Foi isso que me roeu roeu sim ou não sim ou não ininterruptamente no colchão no último ensaio.


Sut me inqueria, eu sabia que tinha uma resposta - tinha que ter uma resposta. Não somos tão non-sense quanto queremos ser. Sut e Bruno dizem que temos que construir sentido antes de destruí-lo, e o Sut acrescentou agora que esse processo de desconstrução não pode ser racional, porque seria paradoxal. Será que não temos sentido no que fazemos? Concordamos sobre muitas coisas: 1) o conto NARRA uma história: um homem acorda no meio da noite por uma luz externa, o que seria ordinário, mas hoje vem uma pergunta absurda "sim ou não". Ele não consegue voltar a dormir, levanta-se, senta e fuma. Em seus devaneios, percebemos flashes de como é seu quarto, de que ele é um sujeito comum, cidadão comum, gravata, feliz e infeliz, faz as mesmas coisas todos os dias. Isso é o escrito, indiscutível (médio); 2) o conto parece evocar um tipo comum de pessoa que conhecemos; alguém que não vê sentido em nada o que faz e por isso não sabe por quê fazê-las, as faz porque é o que deve fazer e isso evita que ele pense por quê as faz, o que facilitaria viver, algo do tipo; 3) também me parece comum acordo que nenhum de nós acha isso bom, nenhum de nós faria como esse personagem cidadão-comum e que, portanto, a nossa cena falaria contra esse tipo de vida. Ou no mínimo, apontaria o absurdo de ser assim. Nosso personagem, ele, pelo menos reconhece que é um absurdo o que faz, mas continua fazendo porque qualquer coisa seria digna do mesmo questionamento (possível ponte com os personagens de transpotting?).
Tá ian, mas isso tudo não está na farra que vocês estão fazendo. Não tenho tanta certeza, mas admito que é bem difuso. Pra mim (disse isso nesse último ensaio), entretanto, isso não é um problema. Mesmo.


....como normalmente, eu não tenho um ponto certo.
Mas queria chegar nessa transparência de que o que talvez devamos fazer seja simplesmente mudar o exercício - o que já decidimos fazer. E o que queremos dizer com o insônia? Eu não quero dizer nada, acho. Quero fazer uma coisa com as palavras - como diria Manoel.

riverrun

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