Ontem eu perdi a maior
parte do meu cérebro. Nada podia respirar dentro da roupa, nada
podia respirar dentro dela, nada nada nada nada achava ar buf, acorda
marinheiro, nada marinheiro, voa marinheiro – era isso que eu
pensava quando a britadeira destruiu o meu hipotálamo, abriu as
minhas sinapses com a força do ferro encardido de um ferro velho,
velho, velho estilo, velho hábito de me sentir velho de me sentir
grande demais, magro demais, ian demais, muito demais demais,
demasiadamente nada: a ilha perdida, onde todas as coisas vão parar
era a minha coleção indiscutivelmente grande (demasiada) de
minúcias gestos tudos que não cabiam, nada cabia, nada podia
respirar: explodia com o choque tremendo do ferro velho nos miolos,
fundia a cabeça, fudia com tudo...
Quando os miolos e todo
o sangue foram vistos pelo mesmo aparelho destruído, o mesmo
destruído náufrago das ondas cerebrais das correntes de estilo de
maneirismos surrealistas (aquelas mesmas naves, aquelas mesmas vezes
que tentamos juntos navegar, trocar, se olhar nos olhos antes do
brinde, tudo isso que preenche o estômago e os pulmões e que
sufocam e acabam vomitados pra fora com nervos e sangue quando a
gente explode a testa com uma britadeira ou com uma arma); quando
eles foram vistos sentou-se de pernas retas longilíneas pernas
retas, as mesmas que vejo todos os dias, e todo o corpo ardia como um
impulso, como uma agulha na ponta do pênis. Não, não como uma
agulha, como uma mordida na ponta do pênis depois de uma chupada sua
sua sua sua sua sua sua sua sua sua sua sua: você é um monstro,
você eu é um monstro horrível e sem miolos, sem sinapses sensível:
se.
Não se pode acordar
porque não se pode dormir; não se pode dormir porque não se pode
acordar também seria correto, também. Amei as suas juntas juntas
com as minhas, com a respiração conjunta de um bicho morto
agonizante agonia demais demais. Só via você, só te ouvia, só só
só só só só só... Aceita? Não. Não não é isso que você está
pensando, eu não estou pensando, é isso sim, mas se você souber
que é, deixa de sê-lo no mesmo instante, deixa pra lá não é
mesmo não. Não sei, na verdade, talvez seja.
Se um dia você fizer
como eu ontem e explodir como um zepelin a hélio, como um gás
inflamável de um desodorante, lembre de não queimar os cabelos,
eles você preserva, eles cuidam de você, da sua cabeça, pra no dia
seguinte você não aparecer desfigurado sem um pedaço imenso do
crânio faltando com nada dentro nada dentro da cachola e dos
pulmões. Nada.
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