quinta-feira, 19 de setembro de 2013

sobre ensaios (6), notas em itálico sobre o(s) último(s) ensaio(s)

Depois do ensaio de segunda, 16
Tem um tremor que me antecede os começos dos ensaios, um tremor conhecido, frio na barriga, na espinha, deve ser, quando vejo o palco vazio e recebe-se uma direção normalmente simples, de começo, andar pelo espaço, isso e aquilo, e olho pro espaço vazio e começo. Essa frase foi longa e mal escrita. Não mereço isso.
Tem, a partir desse começo com tremor estranho reconhecido (frio na barriga ou espinha), uma energia sexual forte em como se anda, se olha, se toca (claro) etc. O Reinoso sempre sabe andar pelo espaço do jeito certo. Talvez por esse prazer em ensaiar eu ache que o que estou fazendo está certo.
Acho que o palco precisa de 3 pessoas para equilibrar; simultaneamente, também acho que quero ensaiar só eu e Laura antes de sábado.

Depois do ensaio de terça, 17
Tem uma presença escura escusa que se movimenta, não é invisível, é a própria não-visão, sabe, o próprio escuro. Um peso preso que atravessa o palco como um dinossauro rex passando perto (os copos de água e de gelatina tremem). Como é mesmo aquela frase do ciúme, sut? Aquilo é mesmo muito certo, não é? A nossa relação ainda não está muito clara pra gente, Laura diz, e eu penso em atos falhos. E a frase do silêncio, qual é? E a frase do corpo, sut, qual é? Fala alguma coisa, sut. Está falando comigo? O limite do foda-se e do cuidado é a origem de toda e qualquer moral, não? Não estou entendendo, talvez porque não queira entender, acho esnobe, fácil. Temos que tomar cuidado com egotrip, eu disse depois pra Laura. O ensaio tinha sido um estranho retorno pra mim, esses últimos três ensaios.

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